Subiu à torre da igreja e gritou em consonância com o sino. A libertação de energia em forma de vibração foi imediata. E o alívio também. Tudo porque naquele dia crescia no seu interior uma vontade maior que ela própria.
O sino revelava e noticiava a morte de alguém e faziam-se as 10h da manhã. Hora em que, em todos os dia da sua vida, ela se guardava, em casa, para fazer o pino sem encosto algum. Chamava a este acto fisico e ginástico: análise crítica de si.
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O sino revelava e noticiava a morte de alguém e faziam-se as 10h da manhã. Hora em que, em todos os dia da sua vida, ela se guardava, em casa, para fazer o pino sem encosto algum. Chamava a este acto fisico e ginástico: análise crítica de si.
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Assim se descrevia o acto -
De cabeça quase colada ao chão, naquela posição contrária ao corpo humano erectil, à conversa consigo própria, agendava o seu comportamento diário, verificava erros e detectava as suas oportunidades. No final do processo rotineiro deixava-se cair para trás, fazendo a ponte entre os seus extremos. O ponto de equilíbrio nunca foram os extremos, sabia. Com um dos extremos andava, com o outro pensava. A base variava consoante se exigia. Nem sempre eram os pés. Às 10h da manhã a sua base nunca eram os pés. A ponte em que se instalava, no final, recebia a energia de ambos os extremos do corpo que tocavam o chão e unia-os. Tornava-os fortes, capazes, astutos, racionais, equilibrados e definidos.
Nunca o coração poderia ser extremo, claro está - tudo demasiado paradoxal, tudo demasiado arbitrário no seu coraçao, no de todos também.
Mas esse dia, o dia em que subiu à torre, seria certamente diferente e único. Ela tinha quebrado o seu maior hábito, aquele que era o pai dos outros, da sua vida metódica e matemática. Ela tinha optado por gritar no cimo da torre da igreja ao invés de se inverter. Às 10h da manhã.
E o sino permanecia sonoro. A vontade maior que ela própria aumentava cada segundo mais.
Estranhou pois o seu comportamento, mas sem manifesto. Era apenas uma franca constatação. De mudança talvez. De natural, quiça.
Em simultâneo ao grito, o sentimento suão dentro dela crescia mais e mais. Libertando os seus sentidos, alargou horizontes e percorria-se no exterior do seu corpo.
Nunca o coração poderia ser extremo, claro está - tudo demasiado paradoxal, tudo demasiado arbitrário no seu coraçao, no de todos também.
Mas esse dia, o dia em que subiu à torre, seria certamente diferente e único. Ela tinha quebrado o seu maior hábito, aquele que era o pai dos outros, da sua vida metódica e matemática. Ela tinha optado por gritar no cimo da torre da igreja ao invés de se inverter. Às 10h da manhã.
E o sino permanecia sonoro. A vontade maior que ela própria aumentava cada segundo mais.
Estranhou pois o seu comportamento, mas sem manifesto. Era apenas uma franca constatação. De mudança talvez. De natural, quiça.
Em simultâneo ao grito, o sentimento suão dentro dela crescia mais e mais. Libertando os seus sentidos, alargou horizontes e percorria-se no exterior do seu corpo.
Ao acto solene, juntou-se o ganir de um cão, que lá longe, se libertava também e acompanhava o sonoro sino. Era demasiado intenso o ganir para não se fazer notar. A seu tempo, deixou o ganir do animal falar-lhe. Era-lhe ligeiramente familiar o som e verdadeiramente triste.
Estranhou novamente. E constatou mais uma vez, agora com um manifesto que a acordou: o animal que gania era o seu cão. Um cão que tinha ficado sem o elo de ligação mais forte - troca de experiências afectuosas. E, sem mais, sem pulmões vivos, porque havera morrido, respirou.
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Mas afinal, nada disto era inesperado. Em caso algum, nos seus dias passados, a sua vontade tinha tido vida.
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